
O ex-diretor de Operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Djairlon Henrique Moura negou, em depoimento na manhã desta terça-feira (27/5), que as blitze em ônibus durante as eleições de 2022 tiveram direcionamento. Segundo ele, a fiscalização é “comum” nas atividades do órgão.
No caso do período eleitoral, as ordens de fiscalização partiram do Ministério da Justiça, de acordo com Moura. O foco das blitze seriam ônibus saídos de São Paulo em direção à Região Nordeste.
Entenda
- Ex-diretor é uma das testemunhas de Anderson Torres no processo que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado.
- Moura confirmou ordens de blitz nas eleições, mas negou direcionamento.
- Torres é réu no processo por cinco crimes, ao lado do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Moura é um dos indiciados pela Polícia Federal (PF) por desobediência, prevaricação e omissão por possível participação nas operações que, segundo a investigação, tentaram impedir eleitores de votar no segundo turno das eleições. Por essa condição, durante o depoimento, ele teve o direito de não produzir provas contra si — ou seja, não era obrigado a dizer a verdade e poderia ficar em silêncio, caso quisesse.
Ao ser questionado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), à frente das audiências no processo que apura uma suposta trama golpista, Moura afirmou que, “em momento algum, foi fiscalizado o serviço de transporte” nas eleições, tampouco no Nordeste.
“Fiscalizar é uma prática muito comum de todo e qualquer tipo de ônibus quando há eleições. […] Em mais de 60% dos ônibus fiscalizados, não se demorou mais que 15 minutos. [Mas] De fato, as fiscalizações ocorreram”, declarou o delegado, salientando que apuravam apenas a legalidade de motoristas.
Moura salientou, ainda, que as fiscalizações ocorreram por ordem do Ministério da Justiça e após parecer favorável da Advocacia-Geral da União (AGU), que teria sido consultada para viabilizar as operações. Ele acrescentou que isso ocorreu bem antes da determinação do próprio Moraes, que, à época, era presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para cancelar as operações da PRF durante as eleições. As fiscalizações teriam se concentrado, segundo ele, em sete dias, até 27 de outubro de 2022.
Fonte: Metrópoles